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sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A Igreja Católica foi fundada por Constantino?

Após a morte do imperador Galério o poder ficou dividido entre Maxênico que se intitulou imperador; e Constantino, aclamado como imperador pelos soldados. Os dois ambicionavam pelo poder absoluto, tal luta se encerrou no dia 28 de outubro de 312, com a vitória de Constantino junto à Ponte Mílvia. Ocorre que Constantino viu no céu uma cruz com a inscrição "In hoc signo vinces" - "Com este sinal vencerás" - este foi um marco para sua conversão, que não se deu de uma hora para outra, foi batizado somente em 337, no fim de sua vida.

Em 313 deu liberdade de culto aos cristãos com o chamado Edito de Milão : "Havemos por bem anular por completo todas as retrições contidas em decretos anteriores, acerca dos cristãos - restrições odiosas e indignas de nossa clemência - e de dar total liberdade aos que quiserem praticar a religião cristã". Era Papa Melcíades, que se tornou São Melcíades, o 32º Papa, tendo Pedro como o 1º. Assim não há que se falar que Constantino é o fundador da Igreja de Cristo, ele apenas deu liberdade aos cristãos, acabando com dois séculos e meio de perseguição e martírio.

Então quem fundou a Igreja Católica? 

Foi o próprio Senhor Jesus Cristo. 

A palavra igreja deriva de outra palavra grega que significa assembléia convocada. Neste sentido a Igreja é a reunião de todos os que respondem ao chamado de Jesus: 

"...ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor" (Jo 10,16). 

Jesus Cristo tinha intenção de fundar uma Igreja, a prova bíblica de sua intenção, encontramos em (Mt 16,18):"Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela". 

Outras passagens são também importantes para constatarmos o propósito de Jesus em fundar a Igreja: 

A escolha dos doze apóstolos: 

- Depois subiu ao monte e chamou os que ele quis. E foram a Ele. Designou doze entre eles para ficar em sua companhia". (Mc 3,13-14). 

- A escolha precisa de doze apóstolos tem um significado muito importante. O Senhor lança os fundamentos do novo povo de Deus. Doze eram as tribos de Israel, surgidas dos doze filhos de Jacá; doze foram os apóstolos para testemunhar a continuidade do Plano de Deus por meio da Igreja. 

A Última Ceia 

- "Tomou em seguida o pão e, depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: Este é o cálice da nova aliança em meu sangue, que é derramado por vós..." (Lc 22,19-20). 

- Assim como era costume para os judeus, Jesus também reuniu os seus apóstolos para celebrar a páscoa. Durante esta cerimônia foi celebrada a última ceia. Jesus se apresenta como o novo e verdadeiro cordeiro, dá aos seus seguidores o alimento do Seu corpo e sangue. 

- As palavras "fazei isto em memória de mim" apresentam o distintivo do novo povo de Deus. Deste modo, a última ceia passou a ser o alicerce e o centro da vida da Igreja que estava nascendo. Afinal, por meio da ceia o Senhor se torna de um modo mais forte presente entre o seu povo. 

- E, finalmente, segundo Santo Agostinho, a Igreja começou "onde o Espírito Santo desceu do céu e encheu 120 pessoas que se encontravam na sala do Cenáculo". O derramar do Espírito, em Pentecostes, foi como a inauguração oficial da Igreja para o mundo. 

Estamos vivendo um momento do cristianismo onde muitas igrejas são criadas a cada momento : 

Os luteranos foram fundados por Martinho Lutero em 1524. 

Os anglicanos pelo rei Henrique VIII em 1534, porque o Papa não havia permitido seu divórcio para se casar com Ana Bolena. 

Os presbiterianos por John Knox em 1560. 

Os batistas por John Smith em 1609. 

Os metodistas por John wesley em 1739 quando decidiu separar-se dos anglicanos. 

Os adventistas do sétimo dia começaram com Guilherme Miller e Helen White no século passado. 

A congregação cristã do Brasil fundada por Luigi Francescom em 1910. 

As assembléias de Deus têm sua origem no despertar pentecostal de 1900 nos EUA. Muitas pessoas saíram de diferentes igrejas evangélicas para formar novas congregações pentecostais. Em 1914 mais de cem destas novas igrejas se juntaram para formar esta nova organização religiosa. 

A igreja do evangelho quadrangular foi fundada na década de 20 pela missionária canadense Aimeé Semple McPathersom, que passou da igreja batista para a pentecostal. 

A igreja Deus é amor foi fundada por David Miranda em 1962. 

A renascer em Cristo surgiu a alguns anos, fundada po Estevan Hernandez. 

A igreja universal do reino de Deus surgiu em 1977, fundada por Edir Macedo. 

Isto além de outras denominações menores que foram surgindo a partir dessa, cada uma delas sendo fundadas por homens, com diferenças em suas doutrinas e cultos. A pergunta é simples: Como o Espírito Santo poderia animar tantas divisões, Ele que é fonte de unidade? Como identificar a Igreja de Cristo? 

No credo do Primeiro Concílio de Constantinopla (ano 381), são apresentados os traços que permitem reconhecer os sinais da Igreja de Cristo: 

"Creio na Igreja, una, santa, católica e apostólica" 

UNA : A Igreja deve ser UMA do mesmo modo como existe "um só Senhor, uma só fé, um só batismo" (Ef 4,5). A intenção de Jesus Cristo foi fundar uma só Igreja. 

SANTA : em virtude do seu fundador: Jesus Cristo. Foi ela que recebeu uma promessa fundamental: 

"...as portas do inferno não prevalecerão contra ela" (Mt 16,18). 

Deste modo, a razão da própria existência da Igreja está em ser um instrumento de santificação dos homens: "Santifico-me por eles para que também eles sejam santificados pela verdade" (Jo 17,19). 

CATÓLICA : porque foi estabelecida para reunir os homens de todos os povos, para formar o único povo de Deus: "Ide, pois, ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo" (Mt 28,19). 

APOSTÓLICA : porque está construída sobre o "fundamento dos Apóstolos..." (Ef 2,20). A garantia da legitimidade da Igreja está na continuidade da obra de Jesus por meio da sucessão apostólica. Tudo o que Jesus queria para a sua Igreja foi entregue aos cuidados dos apóstolos: a doutrina, os meios para santificação e a hierarquia. Quando surgiu a "expressão" Igreja católica? 

A palavra católica em relação à Igreja foi usada pela primeira vez no segundo século da era cristã por Santo Inácio bispo de Antioquia, na carta dirigida aos esmirnenses: "Onde quer que se apresente o bispo, ali também esteja a comunidade, assim como a presença de Jesus nos assegura a presença da Igreja católica"(8,2). 

Foi empregada para destacar o sentido universal da Igreja de Cristo. Aos poucos a palavra católica foi sendo usada para definir aqueles que estavam de fato seguindo a doutrina de Jesus. No final do século II, a igreja cristã já era conhecida como Igreja católica. 


Qual é a única Igreja de Cristo? 

Encontramos a resposta em uma afirmação do Concílio Vaticano II: "A única Igreja de Cristo(...) é aquela que nosso Salvador, depois da sua Ressurreição, entregou a Pedro para apascentar (Jo 21,17) e confiou a ele e aos demais apóstolos para propagá-la e regê-la (Mt 28,l8ss), levantando-a para sempre como coluna da verdade (1Tm 3,15)... Esta Igreja(...) subsiste na Igreja católica governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele" (LG 8). 

Examinando os textos bíblicos já apresentados, somos levados a concluir que Jesus fundou somente uma Igreja.

A Pedro disse: "...sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16,18); apresentou-se como o bom pastor dizendo: "...haverá um só rebanho e um só pastor" (Jo 1016); na sua oração sacerdotal orou ao Pai: "...para que sejam um, como nós somos um... para que sejam perfeitos na unidade..." (Jo 17,22.23). 

Jesus só pode ser a cabeça de um corpo, do mesmo modo como somente pode desposar uma noiva, assim como Deus teve somente um povo entre os vários povos. 

Entretanto, a Igreja católica reconhece que nestes quase 2000 anos de cristianismo os homens, por causa de seus pecados, arranharam a unidade do Corpo de Cristo. Essas divisões fizeram surgir novas denominações. Observa a Igreja que em muitas delas existem "elementos de santificação e de verdade" (LG 8).

Como nasceu a Comunidade Canção Nova

Nunca pretendi “fundar” ou ser “fundador”. De certa maneira, essa idéia até me repugnava. Simplesmente fui sendo dócil à condução de Deus, que, hoje foi “vigorosa”.

Deus me puxou e me empurrou muitas e muitas vezes. Penso que fui sempre muito “respeitado” em minha liberdade, mas que Deus andava com passos firmes à minha frente. Ela abria caminhos que eu não imaginava e pelos quais me via entrando. Dizendo hoje que a Canção Nova é uma “fundação”, afirmo que “foi Deus quem a fundou”: Ele tinha desígnios a respeito dela; Ele a plantou, a fez crescer, a direcionou, podou, ampliou, a fez produzir frutos, a fez sinal, ponto de atração... Foi Ele, sempre Ele, tudo Ele, quem fez.

Devo admitir que fui colocado na “origem” de tudo, na base... Só assim posso admitir que sou “fundador”. Deus me pôs na origem, na raiz, no coração, no fundamento. Ele me fez fundador.

Olhando minha história, que é a da Canção Nova, me vejo como um menino que a muito custo consegue acompanhar as passadas do Pai. Menino que não entende quase nada do que está fazendo e para onde está indo, mas vai. Vai porque confia. Olhando a história, vejo que me desviei, escorreguei, caí, voltei, corri na frente, me atrasei... Mas sempre havia uma mão forte de Pai, e o caminho ia sendo feito.

Acompanhou-me uma intuição de que eu não era feito para ser sozinho; de que eu-era-com-outros.

Pessoas vieram e pessoas se foram; muitas quiseram viver e trabalhar comigo... passaram pela minha vida. Agradeço a Deus porque as pôs em meu caminho. Agradeço a elas porque todas tiveram sua parte importante, muitas marcaram minha vida, minha caminhada. Mas... não eram ainda as pessoas com quem, nos desígnios de Deus, eu deveria permanentemente com + viver e co + laborar.

Vários fatos prepararam o “nascimento da Comunidade Canção Nova”. Mas defino como momento do “nascimento” o dia em que Dom Antônio, bispo de Lorena (SP) na época, me chamou ao seu escritório. Ele estava com o livro da "Evangelli Nuntiandi: Evangelização no Mundo Contemporâneo". Então começou a me falar sobre esse documento, que fora publicado pelo Papa Paulo VI, em 8 de dezembro de 1975.

Em 1974 houve o sínodo. Depois o Pontífice preparou o texto e o mandou para todos os bispos. Dom Antônio o tinha acabado de ler. Estava muito impressionado. Ele me disse: “Padre Jonas, o que o Papa fala aqui é totalmente verdade. É preciso evangelizar, a hora é de evangelizar”.

Eu via Dom Antônio realmente tocado e inspirado. Ele pegou um artigo, que já havia reservado, e o leu para mim:

“Verifica-se que as condições do mundo atual tornam cada vez mais urgente o ensino catequético, sob a forma de um catecumenato, para numerosos jovens e adultos que, tocados pela graça, descobrem pouco a pouco o rosto de Cristo e experimentam a necessidade de a Ele se entregar” (EM 44)

Dom Antônio me disse: “Já que você trabalha com jovens, é mais fácil fazer isso com eles. Comece alguma coisa. Há muito para se fazer. Mas temos de começar por alguma coisa. Então comece por isto”.

Cada vez que volto a esse artigo, fico admirado como isso aconteceu ao pé da letra. Eu disse para Dom Antônio que via em suas palavras uma inspiração; e ainda: “Não sei o que fazer. Vou rezar e lhe trago uma resposta”.

Parei e rezei. Em seguida, voltei a ele com um esquema. Como ele havia citado para mim a palavra “Catecumenato”, dei esse nome ao curso que preparamos. Era realmente um curso de catequese; não de catecismo de primeira comunhão, mas um curso de catequese para jovens.

O documento do Papa Paulo VI foi publicado em 8 de dezembro de 1975. Não me lembro bem se Dom Antônio teve aquela conversa comigo no final de 1975 ou no começo de 1976. Graças a Deus, na Semana Santa estávamos começando o que chamamos de “Catecumenato”. Foi muito bonito. Ocupamos toda a Quinta-feira Santa, a Sexta-Feira e também o Sábado Santo com palestras. O salão do Instituto Salesiano ficou cheio. À noite fizemos a vigília pascal.

Saímos do colégio São Joaquim e fomos em procissão até o colégio Santa Tereza, onde aconteceu a vigília durante toda a noite. Foi assim que inauguramos o “Catecumenato”. Durante os anos de 1976 e 1977 houve catecumenato. Os pais, vendo a transformação dos próprios filhos, também quiseram participar. Adultos também foram entrando. Aconteceu ao pé da letra:

“... tocados pela graça, descobrem pouco a pouco o rosto de Cristo e experimentam a necessidade de a Ele se entregar” (EM 44).

Chegou um momento em que pensei: Tenho de lançar um desafio. Íamos ter um “catecumenato” interno, de um fim de semana inteiro, em Queluz (SP). Viajava de trem de Lorena (SP) a Queluz (SP). No trajeto senti forte esse desafio, mas para mim era absurdo fazê-lo: Quem iria deixar sua família, sua casa e seus estudos para morar junto comigo em comunidade? Quem iria dedicar-se ao trabalho que estávamos começando a fazer? Era tão absurdo que pensei: “Vou lançar o desafio. Não irão aceitar. Se aceitarem, é sinal de que o Senhor quer isso mesmo”.

Quando cheguei a Queluz, fiz o desafio, e uma grande quantidade de jovens aceitou, o que significa que realmente já estavam experimentando a necessidade de se entregar àquele Cristo que começavam a descobrir. Na prática, na hora de deixar a família, de parar com os estudos, com o trabalho, com o namoro, nem todos aqueles, que tinham aceitado, puderam cumprir o compromisso. Mas nós começamos: éramos exatamente doze!

No dia 2 de fevereiro de 1978, estávamos dando início à Comunidade Canção Nova com nosso primeiro compromisso. A artéria já tinha saído do coração de Deus.

Muitos fatos nos preparam para dar esse passo. Nós já tínhamos encontros no colégio São Joaquim, ou onde podíamos. Pedíamos a Deus que nos desse uma casa. Já tínhamos passado pela casa na cidade de Areias (SP), já tínhamos construído a casa de Queluz (SP); a própria Associação Canção Nova já existia. Mas a artéria mesmo nasceu naquele 2 de fevereiro.

Monsenhor Jonas Abib